quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

 
Falar de moinhos é falar de evolução, de cultura, de vida, de tradição.
Eles são os guardiões da paisagem, são uma presença emblemática, são património, são história.

Há dois grandes grupos de moinhos tradicionais, que se classificam pela fonte da energia utilizada para fazer mover a mó: Moinhos de Vento (utilizam o vento como fonte de energia, a chamada "energia eólica") e Moinhos de água (fazem uso da água corrente "energia hidraúlica")



As primeiras referências conhecidas a moinhos de vento datam do século X. Crê-se que aparelhos movidos a vento eram utilizados no Tibete em rituais e práticas oratórias. No Oriente este tipo de estrutura mecânica começou por ter aplicação prática para facilitar o trabalho do homem, sendo utilizada para a elevação (ou bombagem) de água.


No Ocidente, terá sido inicialmente aplicado pelos Persas à moagem de cereais. Na Europa, o mais antigo de moinho de vento conhecido trabalhava em Inglaterra em 1185. Em Portugal a sua existência é citada num documento de 1303.


Os moinhos de água, presume-se que tenham sido introduzidos em Portugal no século I pelos Romanos. Sabe-se que o seu uso foi generalizado durante o século V pelos Visigodos. No século IX o moinho hidráulico já estava difundido no Ocidente, mas o seu pleno desenvolvimento encontra-se entre os séculos XI e XIV, onde alguns registros mostram o dobro de construções existentes nos períodos anteriores. Os moinhos de água eram utilizados para fins artesanais e industriais, mas tinham como principal tarefa a moagem de grãos.


Os moinhos de água podem ser dividos em moinhos de roda horizontal, moinhos de Maré e moinhos de roda vertical ou Azenhas. A introdução das Azenhas em Portugal deve-se aos Árabes, havendo os primeiros registos da sua utilização desde o século X.


Estes moinhos inserem-se e harmonizam-se plenamente numa paisagem onde a natureza reina em encanto, frescura e beleza. Foram utilizados durante praticamente dois milênios, mas com a evolução da tecnologia estes moinhos caíram em desuso, embora permanecem ainda alguns, tendencialmente tendem a ficar desactivados, acabando por a sua degradação ser quase inevitável.


O moinho de vento em sentido restrito, é um moinho que usa as hélices como elemento de captação e conversão da energia eólica para outro tipo de energia apropriada para movimentar outros mecanismos.
Ao longo dos tempos, foram sofrendo adaptações e alterações, variáveis de região para região consoante as características geográficas e as características culturais de cada povo.


Com o advento da Revolução Industrial e a ideia de aplicar a máquina à moagem, iniciou-se a decadência dos moinhos de vento. Estas "máquinas artesanais", que durante séculos tinham servido de sustento a muitas famílias, entravam em decadência por confronto directo com as novas tecnologias na indústria moageira.
Todo o processo de industrialização então iniciado levou incontestavelmente a uma mutação da vida rural e os moinhos deixaram de dar resposta às exigências da sociedade de então. A consequência imediata desta situação foi o abandono dos moinhos, um pouco por todo o lado.


Actualmente os moinhos de vento têm sucessores modernos, que podem ser aplicados para transformar a energia obtida pelo movimento do vento, energia eólica, para gerar ou produzir energia eléctrica.
Na actual conjuntura e tendo em conta que a energia eólica é considerada a energia mais limpa do planeta, é uma boa alternativa às energias não-renováveis, permitindo reduzir os gases de efeito estufa, algo que beneficiará todos nós.


Embora ainda existam alguns moinhos,  a grande maioria é actualmente apenas marcos simbólicos, simples lembranças pitorescas do passado, património que urge preservar, pela sua beleza e história.



Os moinhos são um legado da história de uma região!


“Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.”
 

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